sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A crise mundial, versão agosto....

Um assunto tem me preocupado muito. Ao iniciar a disciplina de Finanças em Marketing em fevereiro de 2007, acreditava que não ia ter muito para demonstrar sobre o real acompanhamento e prático do mercado financeiro, com suas variações, projeções, riscos, crises e os impactos no dia-a-dia dos negócios e principalmente na nossa área.

Naquele momento, a economia brasileira se mostrava sólida, pois em meio a tantos escândalos no governo Lula, principalmente nos ministérios da Fazenda e da Casa Civil, ainda tínhamos estabilidade e credibilidade por parte dos investidores, traduzindo confiança no País e sua total independência da gestão política, que na minha visão mais revolucionária, é a utopia da sociedade perfeita, mas que escreverei um tópicos futuros.

Triste engano, pois logo em março uma crise financeira originada na China atingiu as Bolsas de Valores em todo o planeta, causando quedas comparáveis às verificadas após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. A Bolsa de Valores de São Paulo atingiu seu menor nível, operando abaixo de menos 6%.

Alguns especialistas falavam em desastre total dos mercados, outros falavam em ajuste global, causado principalmente pela bolsa chinesa, onde havia uma bolha inflada pelo mercado estelionatário de empresas fantasmas com ações de um mercado emergente, com crescimento na ordem de 10% do PIB ao ano, mas com alta inflação. Com o andar dos dias, o mercado acalmou e quem apostou no ajuste, se deu bem e eu tive assunto para uma aula.

De abril em diante a Bovespa cresceu muito e bateu recordes de pontos, aproximando dos 58 mil em alguns dias de operações.

Bem, preparado para falar de bolsa de valores com a nova turma de Finanças para este semestre, início as aulas na primeira semana, achando que o grande assunto seria baseado no semestre passado e o fato acima contado.

Mais uma vez me engano, pois na noite que estamos na sala de aula, em 09 de agosto, os mercados mundiais começavam uma nova crise, desta vez, sem previsão de uma condição de simples “ajuste”. Na terça-feira o Banco francês BNP Paribas, um dos principais da região européia, havia congelado o saque de três de seus fundos de investimentos que tinham recursos aplicados em créditos gerados a partir de operações hipotecárias nos EUA. A instituição alegou dificuldades em contabilizar as reais perdas desses fundos.

Só para entender um pouco mais, no mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais.

Ontem, a Bovespa chegou a operar com índices de menos 9%, recuperando um pouco no fechamento, e às 17h, encerrou o pregão com menos 5,7%, com queda acumulada de quase 16% desde o dia 1° de agosto até hoje.

Aí você pergunta, para que tudo isso? E eu respondo: para quem gosta do dinamismo, seja bem vindo ao mundo das finanças. A sua arte é um grande trabalho de estudo, dedicação, leitura e ouvidoria. Sim, ser ouvidor. Precisamos tomar conhecimento de muitas variáveis, opiniões e percepções, desde especialistas no assunto, aos mais otimistas e agressivos investidores ou dos mais conservadores aplicadores.

Mesclar essa importante ferramenta em nosso dia-a-dia de marketeiros, contribui para os nossos planejamentos, tornando-os consistentes e com menor taxa de risco, além de dar uma direção mais confiável de onde podemos afrouxar ou apertar, em custos, investimentos, detendo maior controle da situação.

Espero que tenham apreciado a leitura.

Até breve.

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